terça-feira

Esta sala arrumada parece um cais.Em Paris Bernis padece horas desertas à espera do momento em que o expresso partirá.Com a cabeça encostada à vidraça observa a multidão em trânsito.É ultrapassado por esse rio. Cada homem forma um projeto, apressa-se.INTRIGAS, encadeiam-se e desencadeiam-se, alheias a ele.
Esta mulher que ali vai,dá apenas dez passos e desaparece no tempo.Esta multidão era a matéria viva que nos nutria  de lágrimas e sorrisos, mas agora ei-la  identificando-se à multidão de povos mortos.                  

                                                                             
                                                         Antoine de Saint Exupéry




O rolo compressor passa pelo papel
As marcas da historia que deveriam 
ter formado um lindo  poema 
agora são mutiladas, rasgadas
pela navalha fina da repressão
e assim letra por letra, vai gotejando
se espalhando pelo papel, na mesa
até alcançar o chão,

os textos antigos já não existem mais,
a poesia já não existe mais;
as letras insistentemente
se reúnem novamente  
dando lugar a outras
que vão surgindo lado a lado  
algumas  doloridas, outras coloridas
tingidas de vermelho
e podem até ser  bebidas
gota a gota, no café da manhã
sem o cheiro do perfume,
com gosto de sangue coagulado.

Só por hoje!
                                   Oxy Girl





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